Fiz o Cappuccino de hoje pensando no post de semanas atrás:
"Nem toda tinta preta é nanquim". Quando falei das possibilidades e diferenças das tintas pretas das canetas, pensei também no uso dos diferentes materiais brancos que usamos para consertar erros e/ou produzir efeitos.
Apaga a linha aqui, põe brilho ali, esfumaça lá...
Quando o desenho é feito à lápis, a borracha é garantia de que os erros podem ser corrigidos... mas e quando a gente faz o que não deve "pra valer"? Isto é, e quando erramos uma coisa importante usando tinta, lápis de cor, marcadores? Faz falta um Ctrl+z na vida real! Ou então, o que fazer quando o desenho está sem contraste ou vibrante demais?
Atualmente, mesmo que uma ilustração seja feita por processos manuais, de um jeito ou de outro ela recebe tratamento digital antes de ser utilizada no veículo ao qual se destina. Alguns erros e manchas, diferença de cores, efeitos, etc, podem ser facilmente corrigidos usando ferramentas dos softwares de edição de imagem. Algo que podemos fazer para diminuir o trabalho na hora da edição é tentar suavizar os problemas.
Diferentes materiais brancos:
Nanquim branco, aquarela, lápis de cor, lápis dermatográfico, caneta gel, corretivo e guache.
Já mostrei vários materiais diferentes aqui no blog e falei sobre comportamento de cada um. A tinta branca correspondente aos tipos diversos desses materiais não costuma ser diferente - em termos de "comportamento" - das demais cores.
O lápis de cor branco, por exemplo, é composto por pigmento, argila, cera e aglutinantes. Quando passamos ele por sobre papel branco, o pigmento branco ficará preso no papel e dependendo da concentração de cera, dificilmente conseguiremos misturar outra cor. Se o contrário for feito, se passar lápis colorido primeiro e por cima passar o branco, é possível aumentar a luminosidade da primeira cor.
O giz pastel branco é um material mais delicado e de pouca aderência, pois é composto por muito pigmento e pouco aglutinante. Pode ser aplicado por cima de qualquer outro material e esfumaçado facilmente. Para efeito de luminosidade é bom, mas não recomendo para apagar erros.
Coloco o famoso corretivo escolar na mesma categoria da caneta gel branca. Recomendo usar para acabamento - retocar umas linhas aqui e ali, puxar picos de luz, trazer áreas de grande contraste... São bons artifícios para cobrir erros, mas o corretivo escolar costuma amarelar com o tempo. A caneta gel, por sua vez, adere o pigmento da tinta que está sob ela.
As tintas brancas de guache e aquarela possuem a mesma composição, diferenciando basicamente na quantidade de coisas (aglutinantes e pigmentos). A tinta guache é mais espessa e mais recomendada para consertar "burradas", porque ao contrário do corretivo escolar, guache não costuma amarelar com o tempo... eu usava muito em quadrinhos. Na falta de guache, dá até pra usar aquarela em bisnaga, mas ela é bem mais fraquinha e dilui mais fácil. Em vez de corrigir uma mancha, pode causar uma nova. =P
Para quem gosta de nanquim,
nanquim branco é uma opção e tanto, principalmente para trabalhos preto e branco. Use sem medo de ser feliz, pois o comportamento é o mesmo do nanquim preto: depois de seco, fica impermeável. Pra ter ideia, deixei secar nanquim branco no godê e não sai nem à pau! Já lavei muitas vezes e até agora nada...
Dois exemplos conhecidos e distintos de uso do material branco.
Esquerda: caneta gel branca usada no cabelo absorveu pigmento do marcador;
Direita: caneta gel e corretivo escolar não pegaram pigmento do material sob eles.
Nessa listinha podem entrar o lápis dermatográfico branco, aquela
brush pen opaca da Magic Color, marcador branco
Posca, tinta acrílica branca, etc, etc.
Li certa vez que a cor branca "puro" não existe, e o que encontramos não só na forma de pigmento branco, mas objetos e papel, são na verdade variações de cinza com quase nada preto. E esses "brancos" também possuem variações frias e quentes, e tendência a outras cores, quando misturados (Materiais e técnicas: guia completo. São Paulo: Martins Fontes, 2008. p.68-69). Então, mais uma vez levanto a importância de se descobrir a finalidade do trabalho antes de escolher o material para executá-lo.
Enfim, eu não tenho conhecimento tão aprofundado pra afirmar nada com 100% de certeza, mas procuro sempre pesquisar as coisas que eu tenho para saber o que pode dar certo ou errado - e saber porque deu certo e porque deu errado. Algumas coisas são respondidas observando o resultado de testes, e outras infelizmente não estão ao meu alcance. Mas se o pouquinho da minha experiência puder ajudar em alguma coisa, eu já fico satisfeita.
Até a próxima! o/