quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Nem toda tinta preta é nanquim!

Ei! Tudo joia?
Muita gente tem dificuldade em encontrar materiais adequados para arte finalizar desenhos e quadrinhos. Até algum tempo atrás, quando meu mundo era limitado aos materiais vendidos na papelaria do bairro, também tinha essa dificuldade e ficava super chateada ao ver trabalhos amarelados dentro da pasta depois de alguns meses (ou até mesmo anos).

 Frente e verso de desenho feito em 2005.

 Frente e verso de desenho feito em 2005 também, com outro tipo de caneta...
(Naruto tava na moda em 2005, huh? xD)

 Frente e verso de desenho feito em 2007.

Trabalho Desastre feito para disciplina do primeiro período da Ufes, em 2007.

Então, nessa época eu não sabia a diferença entre as canetas com tinta preta, não entendia muito sobre composição da tinta (hoje eu também não sou grande coisa não), e comprava pelo preço visando função imediata. Isto é, eu tinha um desenho à lápis e queria contornar de preto, aí ia na papelaria e escolhia qualquer caneta (marcador permanente de CD, caneta tinteiro, etc) e levava pra casa.

O resultado você já viu. Fatores como má conservação, umidade, escolha do papel, acabaram comprometendo o desenho ao longo do tempo. Mostrei exemplos de 2005 e 2007 porque uso nanquim pra finalização desde 2008, e por isso não tenho problemas recentes para mostrar.

Defendo que o material não faz o artista, mas é preciso entender também que a tecnologia - na medida do ace$$ível - está aí pra facilitar nossa vida. Existem materiais específicos pra cada tipo de coisa e não é pecado algum usá-los corretamente em função da necessidade. 


Mudando mais ou menos de assunto:
Sempre que descubro material novo, tento fazer o possível para compartilhar a experiência por aqui. Na semana passada minha mala de ferramentas de trabalho ganhou mais um componente:


Flair, da Paper Mate.

A Paper Mate Flair é uma caneta com ponta firme de feltro, tinta à base de água, usada por alguns artistas e designers, e pode ser encontrada em outras cores também além de preto. O formato dela é muito confortável e dá bastante segurança no traço.

Para variar a espessura da linha, basta inclinar a caneta no papel.

Quando ganhei a caneta, ela estava devidamente lacrada em sua embalagem. Uma dica muito importante que eu gostaria de dar é: leia a embalagem dos produtos com muita atenção! Lá estão (ou deviriam estar) todas as informações importantes, incluindo composição da tinta, fabricante, data de validade... Não precisei riscar nada para saber que a ponta era de feltro e que a tinta era a base de água, tava tudo escrito direitinho na embalagem.

Clique na imagem para aumentar.

Fiquei muito encucada com as afirmações: "Resistente a manchas, borrões e falhas" e "Tinta à base de água que não atravessa o papel". Adivinha o que eu fiz... Peguei o sketchbook com papel de gramatura mais baixa  que tenho (75g/m²) e fui testar, obvio!

Frente e verso do desenho feito com Flair.
Tiozinho sentado na cadeira.

Fiz o estudo acima utilizando marcadores permanentes à base de álcool (Magic Color - Intermediárias I) e caneta gel branca sobre a caneta Flair e nada aconteceu. Não usei Tombow porque Tombow também é à base de água, então claaaaaaaro que ia manchar e estragar tudo. Acredito que o "resistente a manchas" seja referente ao "pegamento" da tinta no papel, porque ela realmente não escorre e seca muito rápido. Em relação ao "não atravessa o papel", preciso dizer algo?

Mesmo sendo o meu primeiro contato com a caneta, deixo a dica de mais uma opção legal de material para usar na arte final do seu desenho ou história em quadrinhos... mas sem técnicas aguadas, heim! ;)

 Até a próxima! o/

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Bis, Bic e Copic

Ei! Tudo jóia?
Véspera de feriadão, eu todo mundo contando as horas para desenhar desesperadamente por 3 dias seguidos como se não houvesse amanhã, né? Que beleza!

Geralmente, quando recebo amigos em casa ou quando vou à casa deles, o propósito é desenhar e jogar conversa fora. No último final de semana, Suco (Caixola) e eu fomos na casa do Bis para uma tarde divertida, cheia de desenhos e conversa sobre a vida... Nossos encontros durante a semana eram muito mais frequentes quando fazíamos matérias juntas, mas agora, com o fim do curso e trabalho em paralelo, qualquer oportunidade que temos de nos encontrar, vira um "micro-mega evento".

Eu, Bis e Suco

Nós três gostamos de pegar materiais artísticos pra experimentar e trocar ideia sobre o potencial das coisas, conversar sobre preços e lojas, anotar nome e numeração dos produtos, ler livros sobre ilustração, etc. Dessa vez, eu acabei gastando um monte de marcadores permanentes que o Bis tem da BIC - Marking color collection.

Desenhando com os marcadores Bic...

Esses marcadores da Bic também são à base de álcool e tem comportamento semelhante aos Magic Color, Promarker, e afins. A diferença é que os da Bic são mais finos. Também possuem uma ponta diferente, que não é nem chanfrada nem brush, é grossa na base e depois afina (lembrando o formato de um diamante lapidado); e conforme você inclina a caneta, o risco sai mais grosso ou mais fino.

O Bis tem uma gaveta cheia dessas canetas, com tonalidades bem variadas, e, como não tinha testado esse material antes, pedi permissão pra usar num desenho. Ele consentiu e eu aproveitei! Como a paleta de verde era bem legal, criei um motivo "floresta" pra usar a maior quantidade de canetas possível, fazendo misturas entre elas para conseguir efeitos diferentes de passagem tonal (desculpa ter gastado suas coisas, Bis).

Também usei algumas Promarkers, e tive chance de por a mão em cinco tons de cinza de Copic! Cara, um dia eu vou ficar rica e torrar muito dinheiro comprando Copics! A tinta é linda, a mescla de cores é ótima, as duas pontas da caneta (brush e chanfro) são maravilhosas... dava vontade de jogar as canetas pra cima e deixar cair em câmera lenta.

Resultado do estudo na casa do Bis

No desenho acima foram utilizados marcadores Magic Color (preenchimento do casco do caracol), Promarker (pele do elfo e lesma), Bic (tudo que é verde e manchas amareladas no chapéu de cogumelo) e Copic (pulgão, chapéu de cogumelo, e sombreado do desenho inteiro); caneta Posca branca, caneta Stabilo  marrom e caneta gel branca para detalhes. Para o vermelhinho das bochechas e cotovelo, usei lápis de cor normal vermelho.

No fim das contas, a "tarde divertida" virou "dia inteiro divertido". O tempo passou tão depressa, que Suco e eu nos assustamos com o horário em que saímos lá (pede desculpa pra sua família, Bis), mas ficou um gostinho de "quero mais" e espero que consigamos nos reunir mais vezes!

Até a próxima! o/

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Degas e Freestyle battle

Todo mundo é bom em alguma coisa, e sempre há algo em que não somos nem um pouco bons, mas que interessa mesmo assim. Eu adoro dança! Em especial dança de rua, suas variáveis e campeonatos, mas não levo o menor jeito pra isso.

Já cheguei arriscar uns passos de break uma vez, mas desisti depois de quase quebrar o ombro tentando fazer um airchair. Enfim, o que gosto mesmo de fazer - pra toda vida - é desenhar, então resolvi brincar de Edgar Degas (um cara que pintava bailarinas no final do século XIX) unindo as duas coisas: desenho e dança.

Onde eu quero chegar com isso?
Assisti a uns vídeos de Freestyle battle no Japão e fiquei com vontade de desenhar os movimentos dos caras que estavam no vídeo. Daí peguei meu bloquinho e fiz o lápis dançar: 

Kite - esse cara é um monstro! (O.O)

Shuho - outro monstro! (>.<)

Depois de assistir aos vídeos, eu voltava nas poses que achava interessante registrar e pausava pra desenhar. Usei o bloquinho da série Neon da Tilibra, lápis FullHB #2 da Ecole, e lápis dermatográfico branco para destacar luz.

Como eu tava super empolgada, peguei uma das poses do Kite pra tentar finalizar no Sketch Pad e ver se conseguia fazer mais alguns estudos de captura de movimento. Afinal de contas, por mais que as figuras estejam em poses "dinâmicas", não fui capaz de colocar movimento nenhum nelas. Fora que botei na cabeça que não usaria linhas de movimento (aquele recurso dos quadrinhos, sabe?), porque seria fácil de mais resolver a coisa dessa forma e eu não aprenderia nada.

Eu deveria ter escolhido outra pose do Kite...

A princípio queria trabalhar apenas com nanquim, mas acabei usando Tombow cinza para destacar áreas de sombra. Ficou finalizado bonitinho, mas piorou o resultado esperado de trazer movimento pro desenho! O nanquim evidenciou ainda mais a rigidez e o sombreado em cinza transformou o Kite em uma estátua. Achei que colocando uma cor, a coisa mudaria, então passei a mão nos marcadores e fui pra mesa de desenho novamente.

Continuei insatisfeita! Digitalizei a imagens e fiz alguns testes para ver se se colocando alguma figura no fundo, a rigidez da composição se quebraria.

Testes de fundo

Na minha cabeça tava assim: "o elemento triangular no fundo vai equilibrar a composição na folha do sketch pad por causa da diagonal contrária... e ao mesmo tempo lembra a iluminação do palco, pererê pororô". Conversei isso com a Suco chan, e das versões acima, a que mais nos agradou foi a da direita, com o desaparecimento suave da cor. Decidido isso, peguei marcadores e fui trabalhar.

O resultado do estudo ficou assim.

Para fazer a tinta do marcador desaparecer gradativamente, usei a caneta blender da Magic Color. Ela funciona bem com os marcadores da Promarker também.

Eu gostei da composição, ficou bem legal, trabalhei com desenho de observação, finalização com nanquim, colorização com marcadores, testei a caneta blender... mas cadê o movimento? Cansada de tentar fazer na base da tentativa e erro, fui beber de uma fonte chamada Futurismo antes de rabiscar outra pose do Kite.

Quase lá... agora sim vejo um pouco de movimento.

No estudo acima usei canetas nanquim, marcadores Magic Color e Promarker, caneta gel branca e lápis dermatográfico branco... e fiquei satisfeita!

No dia seguinte...
Quando abri o DeviantArt com o objetivo de publicar o resultado, me deparei com este esboço antigo que tinha lá e resolvi fazer outro "estudo futurista" usando ele.

Registro de um giro!  \o/

Fiquei com preguiça de procurar o desenho original, então acabei imprimindo a imagem do desenho que tinha no computador. Com a cópia em mãos, fiz uma marca de registro (um + ) em uma das páginas do meu bloco de desenho, e em seguida fiz marcas de registro sobre a cabeça de cada posição do dançarino. A ideia era desenhar todas as poses em um mesmo lugar (porque o dançarino gira em torno de si mesmo), e as marcas me fariam ter o topo da cabeça como eixo do desenho.

 Marquinha no bloco // Marquinha sobre as cabeças

Usando a mesa de luz, encaixei a marca do bloco com a marca de cima das cabeças desta forma:

Pra isso que serve a marca de registro, viu?

E aí, ficou assim:

O que antes era algo sequencial, virou uma grande bagunça no mesmo lugar.

O desenho ficou confuso, né? Mas era pra ficar assim mesmo, porque o grande truque vinha depois, na hora de colorir. Usei uma camada bem suave de lápis de cor para conseguir visualizar a primeira pose.

Menos confuso agora?

Ao passo em que usava outras camadas finas por cima para trazer as outras poses à tona, acontecia a sobreposição e mistura das camadas de cor. O tom vermelho ficava mais escuro quando havia sobreposição das camisas das 3 imagens utilizadas; quando a camisa de uma imagem se misturava com a calça de outra, aparecia uma tonalidade roxa no desenho... e assim foi indo. 

Resultado do estudo.

Usei cores primárias propositalmente para evidenciar as novas cores geradas pela sobreposição das 3 camadas. Por várias vezes eu tive que tomar distância do desenho para me perguntar "essa perna é de qual camisa?", o que me deixou muito feliz, pois finalmente o movimento tava ali... acontecendo tão rápido que nem eu conseguia acompanhar! (*-*)

Caso não tenha ficado muito claro ainda, me empolguei demais fazendo os estudos! Espero que este post gigante tenha feito algum sentido na sua vida... =P

Até a próxima! o/
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カイトさん、シュホさん、
ダンスはすごいです!ビックリしました。
私は新しいファンになった。
その絵は、あなた達のダンスのように良くありません
でも、その絵はダンスのように良く、心から来ました。
(私は一人で勉強をしてだから、私の日本語は悪いです。ごめんなさい!)

ナネ

terça-feira, 5 de novembro de 2013

A Porta

Mesmo já tendo "encerrado" minha vida de estudante de graduação, resolvi assistir como ouvinte a uma disciplina optativa de Ilustração ofertada neste período para o curso de Desenho Industrial da Ufes. Mesmo não tendo vínculo de matrícula, tento me obrigar a cumprir os exercícios propostos pelo professor.

O desta semana foi bastante desafiador e quis fazer um Cappuccino sobre ele. Na verdade, eu gostaria muito de fazer Cappuccinos sobre os exercícios anteriores, mas são pessoais demais e não tive coragem. xD

*Pigarro*... Enfim, o professor propôs desenvolver uma ilustração para uma música de Vinicius de Moraes: A Porta. Quem escolheu a música para nosso exercício foi a filha do professor, que tem 6 anos, e talvez por isso ficou acordado em sala que a ilustração seria voltada ao público infantil dessa faixa etária.

Desenvolvimento
O desenvolvimento da atividade começou dentro de sala de aula, com organização de grupos para discutir ideias para a ilustração e rabiscos de possibilidades. Essa parte durou pouco, mas foi bem legal! Fazer um brainstorm em grupo é super enriquecedor, pois podemos ter diferentes opiniões sobre um mesmo assunto e discutir qual caminho seria melhor tomar para alcançar um determinado objetivo.

Meus rascunhos em sala de aula.

O terceiro rascunho foi a ideia que mais me agradou, e decidi trabalhar minha ilustração em cima dele. Pensei em usar aquarela para finalizar, então precisei redesenhar a ideia num papel branco, de gramatura mais alta e num formato maior.

Planejar as coisas antes de fazer evita um monte de erros bobos... Considerando o tempo pra execução, materiais e técnicas disponíveis, etc etc, planejei a execução da seguinte maneira: dividi a área do papel em partes simétricas com linhas verticais, horizontais e diagonais; depois fiz o rascunho do desenho usando elementos que formassem uma espécie de espiral condutora do olhar do expectador.

Divisões e estruturas do desenho.

"Ai Nane... sério que eu preciso pensar no percurso que o olho do expectador vai fazer no meu desenho?" - Yep! Sim, precisa. Inclusive, você pode fazer o exercício de achar as estruturas nas ilustrações de outras pessoas para ver que isso existe e não é invenção de moda da Nane.

Como disse lá em cima, queria trabalhar com aquarela, mas sem passar nanquim preto no contorno do desenho, pois se fizesse isso, deixaria muito pesado. Aquarela com grafite fica muito bacana, pois o cinza deste acaba pegando um pouco da cor que é passada por cima, e o efeito é lindo! Pra isso, precisei usar "caneta-borracha" de duas espessuras diferentes para apagar com precisão as linhas indesejadas.

Super-limpeza no desenho.

Por fim, o mais difícil: pintar. Não registrei o processo de colorização porque acredito que você já sabe como faço pra pintar as coisas com aquarela. Comecei "de fora pra dentro", isto é, do fundo (céu, nuvens, espaço e Terra) até os elementos centrais (porta e garotinha), deixando detalhes por último.

Utilizei aquarela em pastilhas da Pentel.

Em alguns pontos usei um pouco de lápis de cor pra ressaltar linhas e algumas áreas mais escuras com mais precisão. Os pontos brancos que formam as estrelas foram feitos com corretivo líquido, já os pontos de luz na menina foram feitos com caneta gel branca.  

Foi uma experiência bem legal e desafiadora. Se tiver tempo, pegue uma música que gosta e tenta desenhar algo que a represente. Depois mostre pros amigos, parentes, ou até mesmo pra mim, se quiser. Pergunte o que a pessoa consegue ver ali, tente descobrir se sua representação tá boa, se o objetivo foi cumprido... é um ótimo exercício e eu gostei de ter feito e compartilhado o resultado aqui no blog! ;)

Até a próxima! o/

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Desenho, nanquim e marcadores

Que saudade senti do cheiro de nanquim!

No Cappuccino anterior mostrei os desenhos resultantes do teste com lápis de cor apagável da Ecole, que a Suco (Caixola) trouxe pra eu ver. Quando fiz os desenhos, já tinha em mente finalizá-los com tinta nanquim, quero dizer, nada de caneta nanquim descartável e sim nanquim líquido.
 
Esquerda: lápis de cor apagável Ecole; Direita: bico de pena e nanquim 

A última vez que mexi com tinta nanquim foi quando inventei moda e fiz aquela caneta de bambu. Há muito tempo não uso bico de pena de metal e apanhei bastante pra que a linha não ficasse tremida desta vez.

Fiz o preenchimento das áreas pretas utilizando um pincel redondo de pêlo de marta. Esses "x" no desenho é usado na linguagem de arte-final para marcar as áreas que serão completamente preenchidas com nanquim.

Sujei meu braço todo fazendo isso!

Quando o desenho vai ser fotocopiado, o resultado sai igual independente do material que você usa no preenchimento de preto; mas quando o processo de finalização conta também com digitalização dos desenhos, pelo menos pra mim, fica mais fácil trabalhar quando o preenchimento é feito apenas com nanquim. Mas acho que isso vai da preferência de cada um...

O que mais gosto da tinta nanquim é o cheiro brilho e o relevo que ela deixa no papel. 

Brilha, brilha, nanquinzinho! ~ ♪

Não dá pra conseguir manchar o papel com aguada depois que a tinta seca completamente, e mesmo querendo colorir com marcadores à álcool, deixei um bom tempo secando. Maaaaaas, acho que não foi o suficiente, pois alguns pontos mancharam mesmo assim! xD

Marcadores Promarker e Magic Color sobre papel branco 130g/m²

O resultado foi esse aí em cima. Fiz umas sobreposições de marcadores de marcas diferentes, e o resultado das misturas ficou bem legal. Por fim, usei a caneta gel branca para corrigir alguns borrões, iluminar um pouco mais, e assinar o desenho. ;)

Até a próxima!