quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Um estudo (em vermelho)

Em função do projeto de graduação, tive pouco tempo para me dedicar a atividades lúdicas. Me organizei para trabalhar sem comprometer meu sono e meu momento semanal com família e amigos, mas a ansiedade acaba atrapalhando essas horas de descanso. Durante esse período, minhas leituras foram basicamente em cima da bibliografia do projeto, e quando fugia disso, era para ler meus quadrinhos antes de dormir. Bom, o fato é que já não preciso mais ler os livros da bibliografia nesta etapa do projeto, e estou seca por um romance policial! xD

Quem me conhece sabe que romance policial é meu gênero preferido de leitura e eu tento juntar as peças e descobrir o culpado pelo crime antes do livro terminar. Ontem, aproveitando um dia que me dei de folga, peguei meus marcadores e brinquei de desenhar a minha versão de capa para o livro Um Estudo em Vermelho (A Study in Scarlet), de Sir Arthur Conan Doyle. Este é o livro de apresentação de Sherlock Holmes, e já o li umas 4 vezes.

usei os marcadores à base de álcool.

Antes de começar a desenhar, usei o quadrado semiótico de Greimas para me orientar na composição partindo da narrativa. E depois de ter uma ideia do que fazer, usei a semiótica de Peirce na construção dos sígnos. Mas essas coisas rendem assunto pra um outro Cappuccino.

No fim das contas, meu dia de "folga" acabou sendo um dia de estudo - tanto de uso de materiais, quanto de exercício de conteúdo aprendido durante o curso. Tô precisando urgentemente de férias, isso sim! XD

Até a próxima! o/

sábado, 14 de setembro de 2013

Gambiarra - caneta bico de... bambu

Sabe quando você viaja de férias e se arrepende de não ter levado seus materiais de desenho na mala? Seus problemas acabaram! O cappuccino de hoje vai mostrar como é possível se virar até mesmo perdido numa ilha!

Ingredientes:
- Pedaços secos de bambu de diferentes tamanhos;
- Estilete ou canivete;

Modo de preparo:
Usando o estilete ou canivete, corte na diagonal uma das extremidades dos pedaços de bambu. Como o bambu é oco por dentro, ao molhar essa ponta na tinta, esta ficará armazenada na cavidade, escorrendo aos poucos pelas fibras. Tã-dã! Tá pronta sua caneta de bambu.

Dependendo de como segurar a caneta, podemos obter variação de espessura de linha.

Por que raios fiz isso?
Estava na varanda cuidando das plantas e podando bonsai, e ao limpar o meu pé de bambu, retirei alguns galhos secos. Imaginei que poderia aproveitar aquilo pra alguma coisa e acabou saindo uma caneta bico de bambu. Fiquei tão feliz, que resolvi compartilhar a experiência.

As canetas bico de pena feitas com bambu são muito bonitas e estão na faixa de uns R$15. As minhas são feias, mas custaram nadica de nada e estão servindo muito bem até agora. =P

Pra mostrar que a gambiarra funcionou, fiz um desenho simples utilizando a caneta menor. A parte mais difícil foi ter controle sobre essa haste pequena. A linha fica toda tremida no começo e você faz altas lambanças com a tinta, mas depois que acostuma é baba!

Testado com sucesso!!!

Dá pra ver algumas linhas vermelhas né? Eu tinha feito uns testes antes com nanquim vermelho e não limpei a ponta da caneta antes de usar o nanquim preto pra fazer esse desenho aí.  No fim das contas, não pretendo substituir minhas bico de pena de metal pela gambiarra de bambu, mas.... É uma alternativa super barata pra quem tá se coçando pra fazer a arte final do mangá num sábado e só encontra papelaria fechada. (^_^')>

Até a próxima! o/


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Livro do Mistiras

Meus vizinhos de blog - Ary Santa Cruz e Luciano Félix lá do Mistiras - estão com um projeto bem interessante no Catarse: eles querem lançar um livro com as tiras publicadas no blog em 2012, desenhos inéditos, bastidores das produções das tirinhas, rascunhos...

Para quem não conhece, o Catarse é uma comunidade de financiamento coletivo. Isto é, você pode financiar um projeto que acha interessante e ajudar a sair do papel. Há várias categorias de investimento, e cada uma delas oferece um tipo diferente de bonificação aos colaboradores. No caso do Livro do Mistiras, você pode ganhar desde o nome nos agradecimentos, até um pacotão com o livro, camisas, desenhos exclusivos, etc. 

Clicar na imagem te leva para a página no Catarse

Eu já dava risadas com os roteiros nerds do Ary super bem solucionados pelo Luciano, mas eles me ganharam mesmo depois do Um Teco e do arco do dublador Marco Parlla de férias com a namorada. Se os meninos conseguirem publicar, não precisaremos depender da internet pra ler todas as tiras na hora que quisermos, e além disso, teremos em mãos um excelente guia de referências pra desenho. \o/

Oh céus!

Enfim, fiz minha parte e aguardo ansiosamente pelo livro!
Até a próxima!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Magic Color - Brush pen

Assunto deste cappuccino!

Tive contato com um tipo diferente de marcador e vou falar um pouquinho da experiência com essas canetas. Os marcadores em questão são os Magic Color - Brush Pen, pertencentes à empresa brasileira Tinta Mágica.

De acordo com as informações presentes tanto no site quanto na embalagem, as Brush pen são marcadores permanentes com tinta opaca e à base de água, com ponta de feltro que simula um pincel redondo. Escrevem em diversas superfícies como papel, vidro, porcelana, madeira e tecido...

O estojo que tenho é o de 12 cores básica, que estão listadas abaixo:

Você pode conferir as 36 cores neste catálogo

O pincel de feltro é muito flexível e tem a proposta de simular a técnica usada no sumi-e, mas a tinta opaca não permite que se consiga fazer os mesmos efeitos tidos no estilo de pintura em questão, apenas se obtém a pincelada marcada de acordo com a pressão exercida na caneta. Isto é, se você apertar forte contra o papel, terá um traço mais grosso; e se correr a caneta de leve, o traço será fino.

Ponta suuuuuper flexível!

Só tive poucos minutos de teste até agora, então estou aprendendo e tentando me acostumar com o fluxo de tinta e seu comportamento. O que pude observar até agora é que a tinta que sai da caneta é um pouco viscosa e não penetra totalmente no papel, deixando uma crosta sobre ele. O fluxo também é inconstante - ora sai muita tinta, ora sai pouca... mas isso também depende da pressão exercida.

 Testei o comportamento dela sobre papeis coloridos e sobre um pedaço de tecido. No tecido a tinta fica tão opaca quanto no papel, a diferença é que o tecido consegue absorver a tinta e esta não fica tão salientada. Só fiquei triste porque ao lavar o pedaço de pano, a tinta saiu todinha! Veja bem, a caneta realmente escreve em tecido, só não fica nele. Hehehe. Ou se fica, eu ainda não descobri como.

Antes e depois: mágica!

Como dá pra ver na imagem acima, a tinta molhada tem coloração diferente depois de seca. Por essas e outras, aconselho sempre testar qualquer espécie de material que envolva tinta sobre a superfície que vai usar e esperar um tempo pra ver se a coloração muda ou não. No primeiro quadro, a palavra "comigo" parece translúcida, mas depois que seca, fica completamente opaca.

Abaixo está o desenho/colagem que fiz pra testar os marcadores novos. Usei papel colorido Filipinho da Filiperson nas cores marrom e verde, caneta nanquim, e algumas das canetas Magic Color Brush Pen.

Falta um título pra esse desenho. =P

Para escrever e desenhar elementos simples, não encontrei dificuldade no uso do material. Funciona muito bem quando não se precisa passar várias vezes a caneta do mesmo lugar para preenchimento, mas no momento em que tentei dar a segunda mão, o pincel ficava agarrando e a camada de tinta ganhava altura.

As únicas informações que eu tinha sobre essas canetas eram as que ficavam na descrição do produto em sites de venda - que no fim das contas repetiam as mesmas informações encontradas no site da Tinta Mágica. Sobre possibilidades de uso nos trabalhos, descobrirei experimentando e testando até achar um caminho.

Qualquer dúvida ou sugestão, já sabe, né? Sinta-se livre para comentar e contribuir com as discussões iniciadas aqui. Para os mais tímidos, o e-mail está no perfil.

Até a próxima! o/

domingo, 1 de setembro de 2013

Referências alternativas

Gosto muito de deixar aqui algumas dicas para solucionar um problema de desenho ou representação usando materiais simples e mais acessíveis. Hoje eu vou falar um pouco sobre possíveis modelos para se usar de referência em um desenho.

Ao ter contato com desenho de observação, vi o quanto é importante estudar o comportamento dos objetos em um ambiente para poder representá-los. Isso também ocorre quando precisamos desenhar pessoas. Quanto mais entendemos o funcionamento do corpo humano - sobretudo ao desenhar um "modelo vivo" -, melhor se dá o processo de representação no papel.

No Egito antigo, as figuras eram representadas de forma estilizada conhecida como frontalismo. Este tipo de representação permitia que o corpo fosse visto em dois pontos de vistas simultâneos: de frente e de perfil. Elementos como olhos e tronco eram vistos de frente, enquanto cabeça e membros eram vistos de lado. Isso fazia com que as partes do corpo fossem facilmente reconhecidos como inteiras e perfeitas.

Exemplo de pintura egípcia e aplicação da lei da frontalidade

Ao adotarmos uma fotografia ou modelos em 3D vistos em uma tela como referencial pro desenho, as coisas ficam mais fáceis de serem desenhadas pois o seu cérebro pula a etapa de conversão daquela situação para o 2D num papel. Já é algo que vem mastigadinho, e o seu esforço é apenas o de copiar o que está sendo visto. Porém, no momento em que se desenha algo por observação, o seu cérebro precisa trabalhar bastante para entender quais vistas da figura serão privilegiadas, quais detalhes serão descartados no desenho, qual a fonte de luz principal, etc.

Quando não se conta com a boa vontade de um parente ou amigo para posar pra você, um bonequinho articulado desses de madeira pode ajudar a resolver problemas relacionados a uma determinada pose do corpo, mas para detalhes como olhos e dedos não são muito eficientes se você não souber como construir uma mão ou estabelecer relações canônicas de um rosto.

Desenho que fiz usando um boneco articulado
feminino como modelo.

O desenho acima foi feito durante uma de minhas aulas de desenho na Ufes utilizando um boneco de madeira que havia na sala de aula. Mesmo tendo vontade de ter um desses, nunca comprei, porque é algo que, embora útil, não me faz falta. Felizmente tenho um irmão muito solícito para posar pra mim quando preciso, e na ausência dele, pego outras coisas para substituir essa função. E é exatamente sobre esses modelos alternativos que vou falar hoje.

  
Tcharam! Bonequinhos articulados!

Brinquedos deste seguimento costumam ser fabricados usando modelos canônicos para o corpo. Os dois exemplos acima são articulados e permitem - de forma limitada - mudanças em sua postura. Claro que comprar um bonequinho desse tipo costuma ser mais caro do que investir num modelo articulado de madeira, mas se por acaso você já tiver isso em casa como lembrança de sua infância feliz, pode ser resgatado para novo uso agora.

Moral da história: Explore o potencial das coisas! 

Tá... exagerei.

Mas falando sério, mesmo que tenha a facilidade de ter tudo quando é tipo de referência gestual mastigado na internet, folheie revistas e catálogos de lojas de roupa, observe as pessoas no ônibus, reveja o álbum de família, pegue seus brinquedos velhos... e bom estudo!

Até a próxima! o/